O projeto “Cap sur l’École Inclusive en Europe”, desenvolvido no âmbito do programa Erasmus+, propôs uma resposta inovadora aos desafios da inclusão escolar na Europa. Com duração de três anos (2016–2019), a iniciativa envolveu pesquisadores e instituições de sete países europeus (França, Bélgica, Grécia, Itália, Polônia, Portugal e Romênia), com o objetivo de construir e disponibilizar ferramentas pedagógicas e formativas voltadas à capacitação de professores para o atendimento de alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE). Após a conclusão das pesquisas em 2019, os materiais gerados continuam disponíveis em plataformas digitais, tendo o projeto ressonância internacional, inclusive no Brasil, onde vem sendo promovido no contexto do Congresso Internacional de Neurociências e Aprendizagem Brain Connection, com participação ativa da Profa. Dra. Ângela Mathylde Soares. Este artigo apresenta a trajetória do projeto, seus resultados e desdobramentos, com ênfase na sua difusão e aplicabilidade no contexto brasileiro.

Conheça mais sobre o Congresso Internacional de Neurociências e Aprendizagem Brain Connection: Diversos Olhares Sobre o Mesmo Cérebro

10 parceiros, 1 equipe,
7 idiomas, 1 projeto

Introdução


A inclusão de alunos com Necessidades Educativas Especiais representa um compromisso com os direitos humanos e com a justiça social, mas ainda é um desafio presente em muitos sistemas educacionais. Fatores como a falta de formação docente específica, a escassez de materiais pedagógicos adaptados e a desarticulação entre os serviços de apoio comprometem a efetividade das políticas inclusivas.

Nesse contexto, o projeto Cap sur l’École Inclusive en Europe foi concebido para preencher essas lacunas, proporcionando uma resposta estruturada e internacionalmente colaborativa. A proposta integrou saberes da neuroeducação, da pedagogia inclusiva e da formação em serviço, partindo de experiências concretas vividas em escolas europeias.

Objetivos


O projeto Cap sur l’École Inclusive en Europe foi concebido com a intenção de enfrentar lacunas na formação de professores em relação à inclusão de alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE). Ele visava alinhar práticas pedagógicas a uma abordagem colaborativa entre educação e serviços médico-sociais, a partir de uma rede internacional de cooperação.

Seus objetivos específicos foram:

Fomentar a criação de uma rede europeia de intercâmbio de práticas inclusivas entre professores, pesquisadores e instituições.

Desenvolver um módulo de formação docente europeu voltado para práticas inclusivas;

Identificar e sistematizar boas práticas pedagógicas em contextos multiculturais e multilíngues;

Produzir 100 fichas pedagógicas com orientações práticas de uso direto em sala de aula;

Criar uma metodologia própria de formação (D.R.E. – Définir, Rassurer, Éduquer) para apoiar a atuação de professores junto a alunos com NEE;

Estabelecer conexões entre os setores educacional e médico-social, promovendo um trabalho interdisciplinar e articulado;

Garantir a tradução dos materiais para sete idiomas europeus, ampliando o alcance geográfico e cultural;

Disponibilizar os recursos pedagógicos de forma aberta e online, por meio de uma plataforma digital;

Fundamentação e Justificativa

As bases conceituais do projeto residem na confluência de três pilares fundamentais:

A neurociência aplicada à educação,

como ciência que fornece subsídios para compreender os processos cognitivos, emocionais e sensoriais dos alunos;

A pedagogia da inclusão,

que valoriza a diversidade como elemento constitutivo da escola e busca adaptar o ensino às singularidades de cada aprendiz;

A formação docente situada,

ancorada em contextos reais de ensino, com apoio de materiais que orientem a prática de forma clara e acessível.

Metodologia

Fase 1 – Diagnóstico e Coleta de Práticas

  • Realização de oficinas, seminários e visitas técnicas;
  • Mapeamento de 100 práticas pedagógicas voltadas à inclusão;
  • Classificação por temas: gestão da diversidade, adaptação curricular, recursos acessíveis, parcerias intersetoriais e tecnologias assistivas.

Fase 2 – Desenvolvimento Formativo

  • Sistematização das práticas em fichas pedagógicas com estrutura didática;
  • Criação do método D.R.E., com três eixos: definir a necessidade do aluno, tranquilizar o ambiente escolar e educar com estratégias apropriadas;
  • Testagem e validação dos materiais em escolas parceiras.

Fase 3 – Disseminação e Sustentabilidade

  • Publicação dos materiais em sete idiomas;
  • Disponibilização online gratuita;
  • Estabelecimento de uma comunidade de prática internacional.

Resultados

Ao final do ciclo de 36 meses de desenvolvimento (2016–2019), o projeto atingiu uma série de resultados tangíveis e impactantes, muitos dos quais continuam em uso e expansão:

Criação de 100 fichas pedagógicas multilíngues,

categorizadas por temáticas como adaptação curricular, gestão da diversidade, acessibilidade e cooperação intersetorial;

Desenvolvimento e validação da metodologia D.R.E.,

estruturada em três eixos: definir as necessidades do aluno, tranquilizar o ambiente educacional e educar com recursos e estratégias adequadas;

Implementação de um módulo de formação para professores,

testado em escolas de diversos países parceiros;

Tradução dos materiais para sete idiomas:

francês, português, italiano, inglês, grego, romeno e polonês;

Lançamento de uma plataforma online gratuita:

www.ecoleinclusiveeurope.eu, com acesso irrestrito ao conteúdo formativo;

Realização de mobilidades internacionais e trocas de boas práticas

entre professores, técnicos, diretores escolares e pesquisadores;

Consolidação de uma rede europeia de profissionais e instituições dedicadas à inclusão escolar,

promovendo ações continuadas mesmo após o término oficial da fase de pesquisa;

Ressonância global do projeto,

com especial destaque para sua difusão no Brasil por meio de eventos acadêmico-científicos como o Congresso Internacional de Neurociências e Aprendizagem Brain Connection: Diversos Olhares Sobre o Mesmo Cérebro, coordenado pela Profa. Dra. Ângela Mathylde Soares.

Repercussão Internacional e no Brasil


Embora as pesquisas tenham sido oficialmente encerradas em 2019, o projeto continua gerando impacto em outras regiões, especialmente no Brasil, através da atuação da Profa. Dra. Ângela Mathylde Soares.

A professora integra o grupo GI3TES e atua como coordenadora científica do Congresso Internacional de Neurociências e Aprendizagem Brain Connection: Diversos Olhares Sobre o Mesmo Cérebro, evento que discute as relações entre neurociência, educação e inclusão. Desde 2020, o congresso tem dedicado sessões específicas à divulgação do projeto europeu, ampliando o acesso às suas ferramentas por educadores brasileiros.

Além disso, a Dra. Ângela foi agraciada com o Prêmio Special Tribute International Award pela Comissão Europeia, em reconhecimento ao seu trabalho adaptando o projeto à realidade brasileira. Ela também desenvolveu o PPAI-M (Plano Pedagógico de Atendimento Individualizado Multidisciplinar), que adapta os princípios do método D.R.E. para o contexto das escolas públicas e privadas do Brasil.

Países Participantes

Brasil, Portugal, França, Bélgica, Itália, Polônia, Romênia e Grécia

Fontes:

Representação do Brasil:

24/05/2019 – Nos dias 20 a 23 de maio de 2019, decorreu em Cahors, França, a última mobilidade do projeto “Caminhando para uma escola inclusiva na Europa”. estiveram presentes os sete países participantes neste projeto. Decorreram reuniões de trabalho, conferências e houve uma mostra dos trabalhos realizados pelos alunos surdos do nosso agrupamento.

26/10/2018 – Realizou-se mais uma mobilidade do projeto Erasmus+ “CAP sur l’école inclusive en Europe” nos dias 22 e 24 de outubro à Roménia.



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